EFEITOS CARDIOVASCULARES DA SOBRECARGA DE COBRE
Resumo: O cobre (Cu) é um dos metais mais antigos da civilização mundial, datando seus primeiros usos desde 8.000 anos A.C.. Sua importância na história da humanidade marcou uma época denominada Idade do Bronze, onde domínio de posse e tecnologia do cobre representava nos povos da antigüidade a riqueza e o poder. Durante a Idade Média o cobre continuou a ter seu grau de importância e na atualidade, mantém sua relevância para o homem, graças às suas características que lhe conferem diversidade de aplicações no desenvolvimento tecnológico industrial. O Cu é amplamente distribuído na natureza e é considerado um elemento essencial, o qual atua em diversas funções fisiológicas e bioquímicas no organismo humano (1).
Para a população em geral, a maior parte deste micronutriente é obtida da dieta, por legumes, carnes, frutos secos e bebidas, inclusive água (2). Por outro lado, a exposição ocupacional se dá em trabalhadores de usinas, minas, e nos que realizam operações de soldagem, fundição de metais e atividades afins (3). O Cu é amplamente utilizado na indústria elétrica e eletrônica na transmissão de energia, na fabricação de equipamentos elétricos e eletrônicos e de aparelhos eletrodomésticos; na construção civil em coberturas, calhas, instalações hidráulicas e metais sanitários, fechaduras, ferragens, corrimões, juntas de vedação e de dilatação, luminárias e esquadrias, portas, painéis decorativos, adornos; ena indústria automobilística, naval, aeronáutica e ferroviária na composição dos mais diversos equipamentos. Inclui ainda seu uso na cunhagem de moedas, na fabricação de armas e munições, na indústria alimentícia, em embalagens, bebidas, na industria farmacêutica, de galvanização, na indústria química, de cerâmica, em equipamentos e produtos agrícolas alimentício, pesticida e fungicida, tintas e pigmentos, joalheria e outros (4,5).
O cobre é um nutriente essencial que o organismo não sintetiza, sendo necessário recebê-lo através da alimentação (5). Segundo a ANVISA (2005) (6) a Ingestão Diária Recomendada (IDR) de cobre para adultos é de 0,9 mg. A IDR é a quantidade de proteína, vitaminas e minerais que deve ser consumida diariamente para atender às necessidades nutricionais da maior parte dos indivíduos e grupos de pessoas de uma população sadia.
No organismo humano, o cobre é integrante de uma série de importantes enzimas, algumas das quais são fundamentais à vida e à sobrevivência das células (7). Nas reações onde ocorre transferência de elétrons entre átomos, chamadas reações de oxirredução, o cobre é essencial como intermediário dessa transferência. As enzimas que participam do metabolismo aeróbio permitem a utilização do oxigênio como combustível para o fornecimento de energia à célula, e nesse contexto duas cuproenzimas são muito importantes: citocromo-c-oxidase e superóxido-dismutase (SOD) (8).
A deficiência de cobre é rara em humanos, uma vez que esse nutriente é facilmente consumido e tem uma dose diária requerida muito baixa (2). No entanto, quando há carência, a função de diferentes órgãos e de vários sistemas de defesa do organismo fica comprometida, como no caso da SOD (9). Por outro lado, embora seja um elemento traço essencial para o organismo, quando em excesso pode causar efeitos tóxicos. Um dos distúrbios associados à hipercupremia é a doença de Wilson, uma enfermidade causada por herança autossômica recessiva no cromossomo 13 e que pode surgir mesmo depois dos 50 anos de idade. O mecanismo desta doença consiste basicamente no acúmulo de cobre nos hepatócitos, provocando alterações cerebrais e hepáticas irreversíveis já bem estabelecidas(10).
Tem surgido, nos últimos anos, certa preocupação com os limites da homeostase do cobre, uma vez que a autoadministração de microminerais e suplementos vitamínicos tornou-se uma prática comum mundialmente (11,12). Nessa linha, há relatos de que algumas pessoas, mesmo apresentando concentrações dentro dos valores de referência para o cobre no sangue, podem desenvolver toxicidade ao longo da vida, devido a sua relação com doenças crônico-degenerativas. Diversos estudos relatam a função do cobre em doenças neurodegenerativas, como a doença de Alzheimer e o mal de Parkinson, que geralmente acometem idosos, demonstrando que a ingestão elevada de cobre pode estar associada a um declínio cognitivo (13).
Alguns estudos tem relacionado altas concentrações sanguíneas de cobre com aumento da mortalidade por doenças cardiovasculares, especialmente coma doença cardíaca coronariana (14,15). Shokrzadehet al., (2009) (16) determinaram os níveis de Cu em 30 pacientes com cardiomiopatia isquêmica e identificaram níveis séricos de Cu aumentados nesses pacientes quando comparados a indivíduos saudáveis. Estes achados, juntamente com a relação positiva entre hipercupremia e patologias, tais como hipertensão, aterosclerose, infarto do miocárdio e acidente vascular cerebral (17), apontam para o aumento dos níveis sanguíneos de Cu como um fator de riscopara a mortalidade cardiovascular. Diante destes fatos, o presente estudobusca investigar quais são os efeitos cardiovasculares desencadeados em um modelo de sobrecarga de cobre em doses superiores ao valor de ingestão diária recomendada e os possíveis mecanismos envolvidos nessas alterações.
Data de início: 08/03/2016
Prazo (meses): 24
Participantes:
Papel | Nome |
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Aluno Doutorado | CINDY MEDICI TOSCANO ROZETTI |
Aluno Doutorado | KAROLINI ZUQUI NUNES |
Coordenador | MIRIAN FIORESI |
Pesquisador | DALTON VALENTIM VASSALLO |
Pesquisador | LORENA BARROS FURIERI |